terça-feira, 29 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
Relacionamentos e Ideais
“Era uma vez... um príncipe e uma princesa!...E eles viveram felizes para sempre!”
Qual de nós em algum momento já não se rendeu aos encantos dos contos de fada ou até mesmo se viu naquele traje de veludo requintado, com a coroa na cabeça: o príncipe em seu cavalo branco e a princesa em seu vestido pomposo. Talvez você seja um príncipe ou uma princesa mais despojado, pós-moderno, mas o ideal de um relacionamento onde os dois viveriam “felizes para sempre” permeia os pensamentos da maioria de nós. Desde pequenos aprendemos a sonhar com o relacionamento perfeito. Quando nos apaixonamos fazemos juras de amor ou é comum sonharmos com uma relação onde “tudo o que tenho é seu”, “esta é a pessoa que vai me fazer feliz”, “nosso amor vai ser capaz de superar tudo”. De repente, com o passar do tempo, o príncipe (ou a princesa) vira sapo.
Somos influenciados pela sociedade, cultura, família, religião a criarmos um ideal a respeito do relacionamento a dois e este ideal pode ofuscar o brilho real do belo que pode ser desfrutado, vivenciado. Quando o ideal vai sendo substituído por uma perspectiva mais realista da relação ele gera expectativas improváveis e até impossíveis de serem atingidas. A frustração é garantida e a alternativa mais próxima é partir para outra relação. O problema é que se os mesmos ideais forem os norteadores deste novo tempo, este novo romance também estará fadado ao fracasso e eu me decepcionarei uma vez mais. Quando meu foco está no ideal, enxergo o sapo que o outro se tornou, mas não vejo os bruxos que precisam ser “exorcizados” em mim. Será que consigo mudar alguém além de mim mesmo?
Não há dúvidas de que os sonhos oxigenam a alma, nos estimulam à construção, nos enchem de esperança e expectativas e nos motivam; mas sonhar é diferente de estabelecer um padrão irreal, inatingível. Quem almeja experimentar ao menos uma pitada do “felizes para sempre” precisa estar disposto a passar pelo dia da adversidade, da contrariedade, da decepção e pela alegria de poder exercer a compreensão, o perdão, a renúncia, e assim construir mais do que felicidade, mas alegria... a alegria de amar a você mesmo e ao seu amor.
Sara Vargas
Terapeuta de Família e Casais
segunda-feira, 21 de março de 2011
21 de Março- Dia Internacional da Síndrome de Down
A síndrome de Down ou Trissomia do cromossomo 21 é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra, total ou parcialmente. Os indivíduos acometidos por essa síndrome podem apresentam uma série de alterações ao longo de sua vida como: alterações auditivas, visuais, intelectuais, de crescimento, aprendizagem entre outros.
De 2006 a 2008 eu estava em Bauru fazendo o meu mestrado e, quando não tinha aula, ficava disponível no setor de Fonogenética do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofacias da cidade. Eu fazia avaliação das crianças com síndromes, conheci e aprendi muito com todas as famílias que passavam por lá e todas as crianças.
Hojé é dia mundial da Sindrome de Down e é mais um dia para refletirmos e lutarmos não somente pela inclusão social dessas crianças, mas de todas as crianças portadoras de anomalias genéticas ou não, mas que precisam de suporte do governo e de todos os profissionais e pessoas envolvidas com esses indivíduos.
A verdade é que cada dia a ciência avança e junto com ela o entendimento da genética, mas são pessoas como nós que precisam de apoio e tem direito a igualdade, porque nos surpreendem a cada instante.
Quem sabe no ano que vem possamos comemorar mais avanços e realmene uma inclusão social que valha a pena.
Sandra Barbosa
Fonoaudióloga
quarta-feira, 16 de março de 2011
Fonoaudiologia X Aprendizado da escrita
LINGUAGEM ESCRITA
Aprender a ler e escrever pode ser um grande desafio para muitos e, durante esse processo, podem surgir dificuldades em graus variados. Um dos aspectos que deve ser chamado a atenção dos pais e educadores diz respeito à ortografia, isto é, esse domínio da escrita convencional das palavras. Para muitas crianças, por sua vez, pode ser difícil compreender como as palavras devem ser grafadas, fato que pode ser observado numa série de alterações ortográficas presentes em suas produções escritas.
Se por um lado pode-se observar que todas as crianças cometem “erros” durante a aprendizagem da escrita até dominarem o sistema ortográfico, por outro também observa-se que algumas crianças apresentam trajetórias de aprendizado diferente onde esses “erros” tornam-se mais frequentes e duradouros com uma maior diversidade e frequência, sendo necessária uma intervenção fonoaudiológica afim de que esse processo de aprendizado ocorra da maneira mais satisfatória possível. (Zorzi, 2004)*
Existem vários tipos de alterações de aprendizagem, existem indivíduos que apresentam dificuldades no aprendizado da escrita apenas, outros na leitura, há aqueles com dificuldades tanto na aprendizagem na escrita como na leitura e ainda crianças com dificuldades de aprendizado que são aquelas que além da dificuldade de aprender o português também apresentam dificuldades em raciocínio lógico, formulação e resolução de problemas.
Crianças com dificuldades de oralidade, lateralidade; por exemplo, dificuldades em saber a direita e esquerda, que troca na escrita as letras "p e b", "c e g", "m e n", "t e d", "f e v" entre outros, precisam de um suporte fonoaudiológico além do pedagógico para o efetivo aprendizado da escrita.
Essas pessoas apresentam uma dificuldade maior de aprender o português, que a escrita, ortografia propriamente dita tem regras e sistemas que são diferentes da nossa fala, por isso que na escola as crianças confunde que a casa seja escrita com “s” e não com “z” como é o seu som na nossa fala. O fonoaudiólogo então vem como um complemento da pedagogia, auxiliar nessas dificuldades que dentro da sala de aula não é suficiente para serem sanadas.
Se o seu filho apresenta alguma dessas dificuldades ou trocas na escrita procure um fonoaudiólogo e faça uma avaliação o mais breve possível.
* Texto retirado do capítulo 68 Desvios na Ortografia, escrito por Jaime Luiz Zorzi no livro Tratado de Fonoaudiologia 2004.
Fonoaudióloga responsável
Sandra Barbosa de Souza
Mestre em Fonoaudiologia pela USP/Bauru
Graduada em Fonoaudiologia pela USP/Bauru
Docente do curso de Fonoaudiologia da UNICERP Patrocínio-MG/ Supervisora do Estágio Fonoaudiologia Educacional
A sexualidade na criança de 0 a 6 anos...
Parece nos estranho pensar em sexualidade infantil, não é mesmo? Costumamos a olhar para as crianças como se fossem anjinhos, seres assexuados. Pois quando pensamos assim estamos nos equivocando. A sexualidade não começa a se manifestar apenas na adolescência. Ela surge desde o momento em que nossos pais descobrem nosso sexo, na maioria das vezes, ainda dentro do ventre materno. Ali já começam a imaginar e criar expectativas de como será a doce menina ou o valente rapaz que irá nascer. Seu quartinho, as cores das roupinhas, os programas, como jogar bola com o menino ou arrumar a menina como uma princesinha, são atitudes presentes nos imaginários dos pais e que refletem na sexualidade que será desenvolvida em seus filhos.
Descobrindo então que a criança tem sim sexualidade, precisamos conhecê-la. De fato, a sexualidade presente na infância não deve ser comparada com a de um adulto, que é pautada na relação sexual. A sexualidade da criança contempla basicamente: imitação de comportamentos, curiosidade sobre o corpo, descobertas de sensações agradáveis.
Observando os comportamentos dos pequenos podemos observar algumas “fases” que fazem parte de seu desenvolvimento. Muitas vezes percebemos a curiosidade das crianças em relação aos beijos e namorados. Isto não significa que tenham o desejo de beijar na boca ou de fato ter um namorado. Estão representando papéis sociais, imitando um comportamento adulto.
Outras vezes, percebemos nossos filhos pequenos curiosos com os seus genitais e também com os dos colegas. Estão simplesmente descobrindo que alguns são diferentes dos outros. Conhecendo as diferenças físicas entre ser menino e menina. É um comportamento bastante comum, que se inicia em torno dos 3 anos de idade e favorece a construção da identidade.
Pudemos ressaltar aqui alguns comportamentos que envolvem a sexualidade das crianças e que por muitas vezes deixam os pais bastante embaraçados. O desconforto dos adultos diante de tal tema, muitas vezes é causado por olhar as atitudes das crianças colocando o desejo sexual do adulto. É preciso compreender a sexualidade de nossos filhos para que possamos ajudá-los a se desenvolverem de forma plena e saudável.
Damiane Junqueira Finotti
Psicóloga – Psicoterapeuta Infantil.
Especialista em Educação Infantil e
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Psicóloga da Casa- Espaço de Desenvolvimento Humano
A experiência de descobrir belezas nos materiais da Escola
A vida de instituições que se propõem a trabalhar com Infância sempre me instigaram e envolveram, fazendo-me vislumbrar ambientes carregados de afetos, desafios, oportunidades...
A escola precisa ser concebida como um lugar onde vivemos histórias, construímos laços, nos constituímos. Espaço de encontros e desencontros, é lá que estão nossos maiores desafios. Como diria Madalena Freire “a escola é a continuação da vida”, portanto não pode ser considerada como uma ilha, nem tão pouco, fechar seus portões para o contexto de suas crianças. Pelo contrário, seus muros devem ser “derrubados” para que haja comunicação direta com famílias e comunidade. Acredito que o desenvolvimento se dá nas relações, no movimento, nos laços que se constituem como suporte de superação.
Ao começar meu trabalho de assessoria em escolas de Educação Infantil na cidade de Uberlândia- MG, conheci realidades muito distintas, cada uma com sua identidade e autenticidade, mas todas abrigando sonhos, desejos, vontades, sentimentos que fluíam e se convergiam em um propósito comum; fazer valer a voz das crianças e colocar suas produções em lugar de evidência dentro da escola e em espaços públicos de nossa cidade.
Antes de tudo, precisávamos cuidar com muito zelo e minúcias do lugar onde iria desenrolar essa história de coragem e determinação. Uma empreitada envolvendo todos os componentes da comunidade educativa, considerados peças imprescindíveis para que o ambiente da escola pudesse ser prazeroso e convidativo, propício à construção do conhecimento. Nossa intenção é que as organizações espaciais das escolas possam aguçar os sentidos, fazendo emergir uma atmosfera única, com sentido próprio. Para tanto, começamos a apurar o nosso olhar, contemplando o espaço com olhos tipicamente infantis, buscando as múltiplas possibilidades em materiais não estruturados.
Penso que a beleza de cada objeto, mobiliário, ambiente planejado, está na história que cada um carrega, está no suor derramado no momento da estruturação.O que há de misterioso nos ares dessas escolas feitas a muitas mãos, são os vínculos afetivos que se misturam com a arte de recriar, trazer para compor o espaço um pedaço de madeira velha, garrafas, carretéis de fio elétrico, baldes, enfim, objetos que seriam dados como lixo, mas que no momento em que alguém se propõe a pensar e dar valor a eles, se transformam em verdadeiras obras de arte.
Essa magia de transformar materiais alternativos se mistura com a magia de transformar simples aulas em verdadeiros espetáculos, onde os protagonistas são crianças e professores, juntos de mãos dadas autores de suas próprias histórias. Com esta nossa proposta, nos preocupamos com o material, com a atenção aos mínimos detalhes, não somente com espaço de fora ( físico), mas também com nossa morada interna, esse lugar tão íntimo que merece ser acolhido, respeitado, seja perante os conflitos das crianças quanto dos adultos.
A experiência de descobrir beleza nos materiais da escola, nos mostrou o quão importante se faz descobrir tesouros e belezas no interior das pessoas envolvidas na trama escolar ( adultos e crianças), que começaram a ser acolhidas e ouvidas. A escola é mesmo feita de muita diferente gente, cada uma trazendo sua contribuição, seus valores para serem somados aos valores e concepções de outras. Nessa diversidade nos encontramos, pois, é na complexidade das diferenças que nos tornamos simplesmente GENTE.
O encantador nesse trabalho é observarmos a sensibilidade do olhar das crianças e o fazer de suas mãozinhas tão pequenas em todos os cantos da escola, seja nos móveis que compõem a sala de aula, em objetos inusitados que são criados para servir de suporte para suas próprias documentações. Consideramos o momento da criação uma oportunidade única para trazer à tona a subjetividade em suas múltiplas facetas.
Desde o primeiro passo, que é o de projetar o que será feito, colocando no papel seus primeiros esboços até ver seus próprios projetos tomando formas, as crianças estão imersas em um universo que compreende a possibilidade da interação, a comprovação de que suas ideias estão sendo acolhidas e colocadas em prática, a oportunidade de entrar em confronto com suas próprias limitações e avançar com elas.
Falo aqui de escolas que estimulam a experimentação, que convidam as crianças para entrarem nesse jogo lúdico entre a imaginação criadora, os elementos da natureza e outros materiais não estruturados. Nesses espaços, a voz da criança possui importante papel transformador, o educador considera cada raciocínio e media a criança em suas intenções.
Podemos contemplar espetaculares instalações pelos corredores dessas escolas, onde os projetistas e artistas são de fato as próprias crianças, os atelieristas e educadores também entram e experimentam a diversidade de materiais e criam suas obras, compondo um ambiente que envolve e encanta elo fato de ser permeado de histórias e sentimentos.
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Mandala confeccionada com pedrinhas, galhos secos e sementes. |
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Mesa feita em carretel de fio elétrico. |
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Registros da mostra fotográfica realizada pelas crianças. |
* Mônica Galvão Lopes – Diretora da Casa- Espaço de Desenvolvimento Humano e Diretora Pedagógica Da Escola Navegantes – Uberlândia MG
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